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abril 10, 2021

viagem antiga

Comecei por desamarrar o barco do cais milenar. As cordas grossas de sisal estavam acastanhadas do tempo infindável que estiveram enamoradas com os pilares sólidos e ferrojentos.
Vou sem destino. Um desejo que todo o ser humano tem, pelo menos uma vez na vida, na tentativa de chegar a algo que sabe que existe mas sem referências temporais, nem com coordenadas geográficas. Um impulso incontrolável e instintivo faz de um homem calculista e seguro, um homem completamente imprevisível capaz de se imaginar a navegar num tempestivo tapete de água salgada.
E toda esta mudança nasce numa manhã de abril, com alerta amarelo, de chuva persistente.